Feserp anuncia apoio ao MAS contra a proposta de reduzir salários dos servidores
Tendo em vista os rumores em Brasília a respeito de possível redução dos salários dos servidores federais por conta da crise financeira causada pelo coronavírus, a Feserp/MS se manifestou hoje ser contrária a qualquer tipo de redução salarial do funcionalismo público.
A presidente da entidade, Lílian Fernandes, disse que por enquanto não há alternativa a não ser esperar o surgimento oficial de alguma proposta nesse sentido.
“Mesmo assim, em que pese o fato de as conversas estarem hoje restritas aos servidores federais, a Feserp se alia à CSPB e demais entidades que compõem o Movimento Acorda Sociedade – MAS, que já estão se mobilizando para barrar eventuais propostas nesse sentido”, destacou a sindicalista, que também é diretora da Confederação.
Ontem, a CSPB publicou em seu site documento do MAS assinado por diversas entidades sindicais contendo o seu posicionamento a respeito do tema. Confira o texto a seguir.
Linhas básicas da Proposta ao Congresso Nacional e ao Poder Executivo
As entidades integrantes do Movimento Acorda Sociedade – MAS, movimento composto de 148 entidades de escopo nacional, juntamente com as Confederações representativas dos Servidores Públicos em nível, Federal, Estadual e Municipal, representadas pelos presidentes da Confederação Nacional das Carreiras e Atividades Típicas de Estado – CONACATE, Confederação dos Servidores Públicos do Brasil – CSPB, Confederação Nacional dos Servidores Municipais – CSPM, a Confederação Nacional de Servidores públicos – CNSP, Confederação Brasileira dos Trabalhadores Policiais Civis – COBRAPOL, e Confederação Brasileira de Aposentados, Pensionistas e Idosos – COBAP, Movimento Nacional dos Servidores Públicos Aposentados e Pensionistas – MOSAP, e o coletivo da União dos Policiais do Brasil – UPB, em sede de representação institucional e legitimidade dos segmentos que representam, vem a público manifestar CONTRARIEDADE pelas iniciativas de redução salarial dos servidores públicos do Brasil.
O Estado deve ser o condutor das iniciativas de Economia de Guerra. Neste momento, somente o Estado é capaz de responder à crise sanitária e econômica.
Os representantes das entidades vem, respeitosamente, à presença de vossas excelências para expor o posicionamento institucional coletivo e, ao mesmo tempo, apresentar alternativas para evitar a depressão econômica:
1 – Inaceitável a ideia de redução das remunerações dos servidores públicos, em decorrência da crise econômica desencadeada pela Pandemia da COVID-19;
2 – Absolutamente descabida e contraproducente, e que segue na contramão das medidas que estão sendo adotadas mundo afora;
3 – É inadmissível uma medida contracionista dessa natureza e, portanto, rechaçamos a ideia de implantar um pacote de medidas recessivas com viés de agravar a já debilitada economia brasileira;
4 – Rechaçamos, na íntegra, o Editorial de O Globo, que diz que os servidores públicos precisam dar a sua cota de contribuição;
5 – Os servidores já deram sua cota de contribuição, pelo aumento da carga tributária que tiveram que suportar em decorrência das alíquotas progressivas de contribuição previdenciária, introduzidas pela EC 103/19, além de outros retrocessos;
6 – É hora do andar de cima começar a dar a sua parcela de contribuição, a começar pelos magnatas da nação, a exemplo da família Marinho, proprietária do maior conglomerado de comunicação do País. Daí, sinalizamos ao Congresso Nacional avaliar regulamentar o dispositivo constitucional que prevê a tributação de grandes fortunas, que até hoje não foi regulamentado;
7 – É fundamental uma reforma tributária solidária, que julgamos absolutamente necessária para trazer maior justiça fiscal e, portanto, social. Julgamos fundamental diversificar a base tributária;
8 – A tributação é extremamente injusta e queremos uma legislação tributária padrão OCDE, com tributação sobre distribuição de dividendos, heranças e grandes fortunas e ainda, uma Contribuição sobre Movimentação de operações em Bolsa de Valores, afinal, é preciso tributar os especuladores.
Medidas que julgamos necessárias para serem implementadas pelo Congresso Nacional e Pelo Poder Executivo:
1 – Revisão da EC 95 – Ela impede o investimento público e o próprio desenvolvimento nacional, no pós-guerra da Pandemia da COVID-19;
2 – Julgamos acertada a medida do Governo Federal que suspendeu temporariamente o pagamento das dívidas de Estados e Municípios com a União. Medida absolutamente acertada porém insuficiente, para evitar a depressão econômica;
3 – Solicitamos que a União suspenda o pagamento da rolagem da dívida pública por período de 6 meses. A União será duramente impactada em sua arrecadação, devido a queda da atividade econômica. Convém destacar que os demais entes: Estados, Municípios e Distrito Federal, também serão impactados brutalmente pela queda de arrecadação própria e ainda serão impactados pela redução dos repasses de FPE (Fundo de Participação dos Estados) e FPM (Fundo de Participação dos Municípios). Nesse contexto, é imperiosa uma negociação com os credores objetivando, em caráter excepcional e momentâneo, salvaguardar o Brasil de uma depressão econômica;
4 – Contudo, tais medidas serão insuficientes. Por isso, solicitamos o acesso imediato à linha disponibilizada pelos Estados Unidos, internalizando em nossas reservas internacionais 62 bilhões de dólares, e ao mesmo tempo, emitindo papel moeda na ordem do montante internalizado nas reservas internacionais, algo em torno de 300 bilhões de reais. A ideia é disponibilizar o recurso para manter a máquina pública funcionando e permitir um padrão de consumo necessário para manter a economia em giro;
5 – Desse colchão de liquidez governamental, formado a partir dos 300 bilhões, parte dos recursos seja dividido em forma de repasse direto aos Municípios na proporção de cada um no Fundo de Participação dos Municípios – FPM, bem como na Proporção a que cada Unidade da Federação faz jus no Fundo de Participação dos Estados.
6 – Em que pese tais medidas, faz-se necessário ainda, uma suspensão temporária do pagamento das parcelas dos empréstimos consignados dos servidores públicos e aposentados do INSS, por período de 6 meses, sem acréscimos de juros e encargos, realocando para o término dos respectivos contratos. O recurso deve retornar para a economia nesse momento de recessão econômica;
7 – As medidas anunciadas pelo BNDES vem nesse sentido, dar folga às empresas. É preciso salvaguardar o interesse das empresas brasileiras. Uma medida acertada do governo;
8 – É importante, ainda, reforçar o caixa para garantir o pagamento do seguro desemprego dos brasileiros.
9 – O objetivo dessas propostas é de evitar um colapso de uma depressão econômica no Brasil, com efeitos mundiais. Ninguém quer isso. Os credores não querem isso. O mercado financeiro, o agronegócio, a indústria, o comércio e setor de serviços, certamente, não desejam esse cenário; Tais medidas, serão necessárias para evitar um dano maior;
10 – Solicitamos o apoio para aprovação da PEC 407/2018 – Princípio da confiança em matéria previdenciária e a PEC 442/2018 – que veda edição de medida provisória em matéria trabalhista e previdenciária;
11 – Entendemos que o Congresso Nacional, foi sábio ao flexibilizar a regra de ouro face a demanda apresentada pelo Poder Executivo.
12 – A revogação do artigo 18 da MP 927, foi uma medida necessária. O Presidente da República errou ao editá-la, mas foi absolutamente sábio para revogar o trecho que permitia a suspensão temporária dos contratos de trabalho regidos pela CLT, sem assegurar a proteção remuneratória dos trabalhadores. Esperamos que o Chefe do Poder Executivo e o Congresso Nacional tenham a mesma sabedoria para ouvir a sociedade civil organizada brasileira.
Diante do exposto, reconhecemos e defendemos as instituições democráticas e apelamos para uma harmonização entre os poderes.
É preciso que se observe a independência e harmonia entre os poderes.
O Brasil enfrenta um grande desafio. A humanidade está enfrentado um grande desafio.